Introdução

"Cada escritor, cada talento. Todos têm a sua maneira de escrever, e a escrita nestas circunstâncias não se aprende... nasce, vive do génio, da vocação, da inteligência. Quem idealiza, escreve... e quem escreve, idealiza. Porém considero o que escrevo não ser fruto da inteligência e muito menos do génio. Nada vos será revelado de novo no âmbito desses conceitos. Considero, isso sim, demonstrar o talento e a vocação dum homem do povo."
larbac

Este blogue é dedicado a todos os familiares, amigos e simpatizantes de Manuel Cabral. Aqui podem ver ou rever algumas das suas obras, deixar comentários, ideias e sugestões. Se possui algum texto do autor que não se encontre presente neste espaço, não hesite e envie-o para:

Historial

Manuel Cabral nasceu na freguesia dos Olivais a 16 de Janeiro de 1916. Não sendo aprofilhado pelo pai e o falecimento da mãe ainda na sua infância, viu-se educado num orfanato onde se formou com alguns estudos. A sua intuição pela poesia começou cedo, escrevendo desde os quinze anos para o jornal poético "A Canção do Sul".

O facto de se ter tornado campeão de Lisboa de futebol pelo Sport Lisboa e Olivais e a transferência para o Clube Estefânia, ditaram a sua saída do colégio aos dezanove anos. Nunca abandonou a prática do desporto durante toda a sua plena juventude, sendo treinador da modalidade de basquetebol do Atlético Clube de Moscavide e do Vitória Clube de Lisboa. Mas o seu maior feito no desporto, foi a consagração de campeão nacional de basquetebol pelo Sport Lisboa e Benfica em primeiras e terceiras categorias. Porém, infelizmente, o desporto não lhe permitia por si só o seu sustento.



Foi no ingresso ao mundo laboral, mais propriamente no Comércio, que começou a interiorizar a humanidade como algo diferente daquela que tinha idealizado no orfanato. Honestidade era palavra vã dominada pela calúnia, hipocrisia e mentira, e nem todos comungavam do bem e da verdade. Em 1939 ingressou no mundo da Indústria. Mas o seu espírito crítico por uma sociedade mais justa traçou-lhe os muitos tropeços aqui e acolá, em Indústrias de Tinturaria, Borracha, Cortiça e Metalomecânica.

Chegou a recomeçar do zero até mesmo no plano familiar, casando depois de enviuvar com uma prima da sua mulher falecida. Já com dois filhos do primeiro casamento realizou-se novamente como pai de mais duas meninas.

Apesar de não ter tido muitos conhecimentos musicais, por intermédio de um banjo, compôs músicas e foi ensaiador de marchas populares e ranchos folclóricos. Mas as qualidades artísticas que marcaram o papel mais relevante da sua vida foram os contos, novelas e poemas que escreveu segundo a sua crítica social e política. Utilizando sempre o pseudónimo literário de "larbac", o seu apelido invertido. Enquadrado em diversas esferas da sociedade, já conhecendo bem os seus defeitos e virtudes, foi principalmente nos seus poemas que deu voz à sua revolta. Pelos muitos que se foram identificando com as suas palavras poéticas, verificou que não se encontrava sozinho nos valores que defendia. Por ser um subversivo do regime de ditadura e muitas vezes arriscar a divulgação dos seus escritos, correu sérios riscos de ser identificado e preso.

Quando tutelou a secção de dadores de sangue da Companhia de Electricidade de Portugal, função da qual se realizou em pleno profissionalmente, um acidente vascular cerebral no final dos anos setenta ditou-lhe o fim da sua carreira.

Porém, a sua verdadeira paixão pela escrita continuou sempre viva e tomou como cúmplice das suas palavras a sua velhinha máquina de escrever. Mas, ao longo dos anos, com algumas doenças degenerativas, a visão e os movimentos foram-se limitando e não o permitiram mais escrever na sua Olivetti que foi, em consonância com os seus familiares, a sua companhia de eleição até ao final dos seus dias.