Sinfonia de Abril



Ó vinte e cinco de Abril,
Que ficaste p´lo caminho!
Deste ao povo liberdade...
E o povo ficou ceguinho!

E o povo cego de esperança,
Logo apareceu à chamada.
Cada qual tomou partidos,
Partidos de mão fechada!

Até ao sexto governo
o povo veio para a rua.
Cada qual com a sua ideia,
Uma é minha... outra é tua!

A maioria virou
Depois da era fascista!
Se esta coisa um dia vira
É a morte do artista!

Do artista... digo mal!
De "artistas" reacionários,
Chegados a Portugal
Armados em proletários!

Meteram cunha no Povo
Com um pê e com um cê!
Sem cunha, nada de novo...
E não se sabe o porquê!

Um "artista" de um critério
Que correu quase meio Mundo!
Representa no prós-sério,
Mas não tem pano nem fundo!

Esta nossa Revolução,
Que nasceu, não sei p'ra quê!
Não digam que vai cair
Nas barbas de um Pinochet!

Ó meu Povo, minha gente,
Ó minha classe operária,
Quem nos dará a semente
P´ra nossa Reforma Agrária?

Tudo aumenta... faz miséria!
Ordenados não compensa!
O "poleiro" é coisa séria,
Porque de "poleiros" se apensa!

Comícios... falas banais,
Muitos sem finalidade.
O Povo sofre, é demais!
E não se encontra a verdade!

Militantes, Povo, União...
Com cravos e sem canhões,
Se rebenta a Revolução
Lá se vão as ilusões!

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