Conto de Abril



Acordei no mês de Abril,
Depois de tanto dormir.
Recordações? mais de mil!
Avivaram meu sentir.

Meu sentir amordaçado
Ao peso da opressão,
Acordou ressuscitado
Na hora da redenção!

Olhei tudo ao meu redor,
Com olhos cegos de espanto!
Desaparecera o terror,
O terror, que era meu pranto!

Da janela vi a rua,
Vi povo, fraternidade!
E a verdade nua e crua,
Da hora da liberdade!

Vi um povo muito unido
A pedir socialismo!
Vi o orvalho cuspir
Na fronte do fascismo!

Li na mente do soldado,
Acção falha de quesília.
Vi no Carmo ser rasgado
O tal "discurso em família"!

Da minha janela vi,
Vi chegar os exilados!
Ao vê-los sofri, mas ri
Por os ver já libertados!

Vi ao peito do meu povo,
Cravos a impor nova era.
Dum Portugal livre e novo,
Num dia de Primavera!

Vi o intermediário
Ser preso, esse homem vil!
Consultei o calendário
Era vinte e cinco de Abril!

Sem comentários: