A pedra
Doente, faminto e esfarrapado,
O tio Braz, mal podia caminhar
Todos os dias ele lá ia ao Povoado,
Na negra missão de mendigar!
Um dia, cheio do esperança foi bater,
Á porta de um senhor proprietário,
Como não o vieram atender,
Sentou-se nos degraus dum fontenário.
Até que alguém lhe apareceu ...
Era o abastedo, senhor dc Saavedra.
— Fora daqui, cão danado, seu judeu!
E vai, atirou—lhe com uma pedra!
O tio Braz, nem sequer pestanejou,
Nem deu mostras de ter ficado contrafeito
Foi—se à pedra, do chão a apanhou
Nervosamente, a guardou junto do peito!
— Senhor, lhe diz, eu seu um pobre velho,
Sem saúde, sem ter pão, sem ter um lar!
Guardo esta pedra, para que Deus me aconselhe,
A um dia eu a ter que lha atirar!
O Saavedra, incidindo em más acções,
Despojado dos seus bens, foi internado
Numa das muitas e insuportáveis prisões
E pelo Braz, certo dia visitado.
— Senhor, eu sou o Braz, o tal pedinte,
A quem um dia, esta pedra, atiraste!
Hoje venho aqui, e por conseguinte,
Pagar todo aquele mal, que me ofertaste!
— Sou, pobre, nada valho, mas irmão...
Metes-me dó, crê que sinto a tua hora!
Deus guiou os meus passos, sou Cristão!
E o tio Braz atirou com a pedra fora!
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